Imagem capa - Adolescência é coisa do cérebro por Caio

Adolescência é coisa do cérebro


Ao contrário do que muitos ainda imaginam, grande parte dos conflitos vividos pelos jovens entre 12 e 18 anos não estão relacionados aos hormônios, mas sim às mudanças neurológicas.

 Ah, esse tempo estranho entre a infância e a vida adulta. Como se não bastasse ficar desengonçado e ter que aprender no susto a lidar com o corpo crescendo e mudando de proporção rápido demais,    alguns ainda têm de ouvir que “são os  hormônios, depois passa”. Hoje se sabe que os   hormônios pouco têm a ver com a adolescência.   Ela nem mesmo é iniciada por eles – e sim pelo   cérebro. E mais: adolescentes não são crianças   grandes, tampouco adultos donos de um cérebro  já pronto e apenas temporariamente inundado por hormônios. Na verdade, adolescentes têm cérebro adolescente, em franca remodelagem – e justamente daí vêm todas as características típicas dessa fase.

            


As transformações da adolescência começam no hipotálamo, que aguarda do corpo um sinal, na forma do hormônio leptina, de que já há gordura suficiente acumulada para iniciar suas transformações. Só então o hipotálamo passa a produzir uma substância chamada kisspeptina, que desencadeia uma série de mudanças no próprio hipotálamo e no restante do cérebro. Uma das alterações no hipotálamo comanda a produção de hormônios sexuais e o torna sensível a eles, o que permite ao cérebro descobrir o sexo – esta, sim, a verdadeira função desses hormônios. Incidentalmente, é aqui também que o adolescente descobre sua preferência sexual – descobre, não escolhe: qual dos sexos deixa o hipotálamo excitado (agora que ele se tornou excitável) depende de eventos anteriores. Escolha sexual é apenas o que se decide fazer com a própria preferência sexual: abraçá-la ou escondê-la.


Casa, comida e roupa lavada


Logo em seguida vêm as alterações no sistema de recompensa, que sofre uma enorme baixa em sua sensibilidade à dopamina e deixa de encontrar graça no que antes dava prazer. O resultado é um conjunto de marcas diagnósticas da adolescência: tédio, perda de interesse pelas brincadeiras da infância, impaciência, preferência por novidades e um gosto por riscos – que o adolescente, claro, julga estarem sob seu controle. O conjunto é ótimo, pois nos faz abandonar os prazeres da infância e querer sair de casa em busca de outros horizontes. Senão, quem abriria mão de casa, comida e roupa lavada?



O único porém é que as mudanças necessárias no córtex cerebral para lidar de modo adulto com os novos impulsos adolescentes levam cerca de dez anos para acontecer. Atenção, linguagem, memória e raciocínio abstrato são processos até que rapidamente aprimorados, em torno dos 14 anos, e postos à prova com o interesse súbito por política, filosofia e religião. Por outro lado, a capacidade de se colocar no lugar dos outros e de antecipar as consequências dos próprios atos, bases para as boas decisões e para a vida em sociedade, só chega bem mais tarde, por volta dos 18 anos, à força de mudanças no cérebro e de muita experiência. 



Só o tempo não basta: tornar-se independente e responsável requer aprender a tomar boas decisões, e isso só se aprende... tomando decisões. Se tudo der certo, o resultado desse período de ampla remodelagem guiada pelas experiências do aprendizado social, sexual, cultural e intelectual é o que todo pai e mãe anseiam para seus filhos: eles se tornam independentes, responsáveis e bem inseridos socialmente. Adolescentes, portanto, fazem o que podem com o cérebro que têm – e é bom que seja assim. O dever dos adultos é ajudá-los, oferecendo informações, possibilidades e o direito de errar de vez em quando.

O jovem descobre (e não escolhe) sua preferência sexual: o que deixa o hipotálamo excitado depende de eventos anteriores. A escolha sexual é apenas o que se decide fazer com a própria preferência, abraçá-la ou escondê-la.

                                                                                                        

Fonte: Revista Mente e Cérebro N° 316


Nosso Olhar


O cérebro do jovem está em pleno desenvolvimento; algumas estruturas ainda não estão bem formadas. Então, o jovem fica estabanado, imita os amigos, se afasta dos pais, fica preguiçoso e precisa viver fortes emoções, afinal de contas, agora, ele não tem mais tanto prazer na interação com as pessoas e com as coisas como na infância.

Ele busca entrar nos grupos que lhe possibilitem o protagonismo e, ao mesmo tempo, quer estar sob o comando de quem lhe inspire confiança. Nesse momento, nossos filhos podem estar em risco. Uma gangue oferece tudo isto:  comando, protagonismo e intensas experiências emocionais. 

É exatamente nesse ponto que podemos colaborar com os adolescentes e com os seus pais.

Compreendendo o processo de amadurecimento do cérebro da criança e do adolescente,  a CMK procura suprir essas necessidades próprias da idade. Durante os treinos, os jovens exercitam o respeito, a disciplina, a empatia, a responsabilidade, o foco e a concentração e também desfrutam de protagonismo e de fortes emoções no decorrer das atividades. E mais: eles atendem de bom grado ao comando do Mestre e aprendem respeitar a hierarquia. 


Seu filho em boas mãos!

A proposta da CMK é aliar ciência e espiritualidade em favor do seu bem estar! 

OSS