Imagem capa - As vantagens do pessimismo por Caio

As vantagens do pessimismo

As vantagens do pessimismo 

Segundo a Revista Mente e Cérebro, um estudo revelou que pessoas mais realistas se mostravam menos propensas à depressão que os otimistas convictos depois de vivenciarem fatos negativos como a morte de um amigo.

Com certeza você já ouviu ou leu milhares de vezes frases de motivação que se propõem a estimular o otimismo. É possível, porém, que o empenho em “ver o lado bom” não seja tão saudável. Pesquisas sugerem que olhar para a vida com ressalvas, sem apostar excessivamente na alegria, pode trazer mais equilíbrio e benefícios do que a maioria das pessoas supõe.

Enfatize o positivo”, “veja o lado bom da vida”. Quem já não ouviu (ou leu) esse tipo de apelo, tão propagado e exaustivamente repetido pela mídia, pelos livros de autoajuda e até por alguns profissionais da saúde? Em um tempo em que a introspecção e a visão realista do mundo são cada vez mais confundidas com pessimismo, vistas como algo a ser evitado, é quase impossível não ser compelido a ser “otimista”. O que as pessoas nem sempre se dão conta é de que essa postura excessivamente “positiva” nem sempre tem a ver com equilíbrio e com bem-estar efetivo.

Até na multidão de palestrantes que defendem a motivação em suas preleções, nos dias de hoje, muitos têm se convencido da necessidade de “ser positivo”. Essa atitude otimista embasada na ideia do “nós podemos”, “eu posso” tem sido disseminada nos países ocidentais. Um exemplo? Escolha a opção “pensamento positivo” no site Amazon.com, por exemplo, e você encontrará uma lista infindável de produtos criados para “ajudá-lo” a ver a vida através de lentes cor-de-rosa, incluindo o calendário de parede “poder do pensamento positivo” e uma série de pôsteres “superando a adversidade com coragem e determinação”.

Na verdade, porém, a positividade não é tudo aquilo que tantos gostariam. Embora muitos autores garantam que assumir uma atitude otimista possa trazer benefícios, como saúde e prosperidade sobrenaturais, essa tese permanece totalmente incomprovada. Além disso, pesquisas sugerem que, em determinadas circunstâncias, o otimismo pode ser prejudicial.

Seligman alertava que o otimismo “pode às vezes nos impedir de ver a realidade com a necessária clareza.”

Por isso, pensar positivamente pode não nos tornar mais saudáveis, mas, inversamente, ser mais saudáveis pode nos levar a pensar positivamente.

Pessimistas defensivos, por exemplo, tendem a se desgastar muito com futuras condições estressantes, como entrevistas de emprego ou provas muito exigentes, além de superestimar suas probabilidades de fracasso. No entanto, preocupações como essas funcionam para certas pessoas, pois permitem que elas estejam mais bem preparadas. Um trabalho realizado pela psicóloga Julie Norem e seus colegas da Wellesley College mostra que privar pessimistas defensivos de seu mecanismo preferido de defesa ─, por exemplo, forçando-os a “animar-se” ─ pode piorar o desempenho de suas tarefas. Além disso, num estudo realizado com participantes idosos, Seligman e o psicólogo Derek Isaacowitz da Universidade Brandeis descobriram que pessimistas estavam menos propensos à depressão que os otimistas depois de vivenciarem fatos negativos em suas vidas, como a morte de um amigo. Os pessimistas provavelmente teriam passado mais tempo consolando-se mentalmente pelos momentos desagradáveis.

Outro estudo traz à tona o poder curativo do reforço positivo, ─ Em um estudo, a psicóloga Joanne Wood da Universidade de Waterloo e seus colegas mostram que participantes com autoestima elevada, que repetiam várias vezes o reforço positivo (“sou uma pessoa digna de amor”), de fato apresentavam logo depois uma ligeira melhora no estado de espírito. Mas, entre os participantes com baixa autoestima, o reforço positivo produzia efeito contrário, piorando seu estado de espírito. Wood e colegas inferiram que afirmações inviáveis, como as propostas por Smalley, na mente das pessoas com baixa autoestima, serviam apenas para lembrá-las de quantas vezes tinham fracassado em suas metas de vida.


Coisas boas sim, mas quantas?

Outro obstáculo provável no movimento do pensamento positivo é que uma atitude positiva pode ser pouco saudável quando levada ao extremo, porque pode ultrapassar os limites da realidade. Em artigo, o psicólogo da Universidade de Michigan, Christopher Peterson, fundador do movimento da psicologia positiva, estabeleceu uma diferenciação entre otimismo realista, que espera o melhor enquanto permanece em sintonia com os potenciais desafios, e otimismo irrealista, que ignora esses desafios.

Além disso, os resultados levantaram a possibilidade de que, embora uma atitude realisticamente positiva em relação ao mundo geralmente nos ajude a atingir certas metas na vida, uma atitude de Poliana pode ter seu preço ─ talvez por promover a complacência.

É claro que o pensamento positivo tem suas vantagens: pode nos encorajar a assumir os riscos necessários e expandir nossos horizontes. Mas também tem seu lado adverso que pode não valer para todos, particularmente aqueles para quem as preocupações e queixas surgem naturalmente como mecanismos de defesa. Além disso, o pensamento positivo pode ser contraproducente se nos fizer ignorar displicentemente os perigos da vida. Finalmente, como advertiu a jornalista Barbara Ehrenreich em seu livro de 2009, adotar a ideia muito difundida de que atitudes positivas nos permitem “pensar num jeito de esquivar-se” de doenças como câncer tem um lado desagradavelmente obscuro: ela pode dificultar a recuperação dessas doenças, porque as pessoas se sentem culpadas por não terem sido mais alegres ou eficientes em seu empenho em curar-se.


Conclusão

O pensamento positivo tende a nos estimular a assumir riscos razoáveis; já o otimismo demasiado pode nos levar a ignorar perigos reais e expor-nos de forma excessiva.


Podemos te ajudar

Entendemos que acima de tudo o bom senso deve permear nossas conclusões e interpretações dos estudos científicos. Necessário se faz extrair o espírito da letra. A natureza tende ao equilíbrio. Buda, há 500 anos AC, afirmou que o caminho para o Nirvana é o caminho do meio. O otimismo exagerado pode nos levar a neglicenciar e ignorar os fatos, e o pessimismo demasiado pode não nos deixar caminhar para frente.

Os treinamentos da CMK nos ajudam a buscar estabilidade emocional sem nos descaracterizar. Independentemente do ponto em que você se encontre entre os dois extremos, respeitar sua forma de se relacionar com os acontecimentos é prioridade para a CMK. O fato é que, juntos, podemos encontrar um ponto de equilíbrio para melhorar sua qualidade de vida.

A proposta da CMK durante as aulas é a de aliar ciência e espiritualidade em busca do seu bem estar!

OSS!!


Fonte: Revista Mente e Cérebro - Científic American No 315